sábado, 26 de novembro de 2016

LIVROS


               
              Digo sempre que a escolha da leitura depende do que se está vivendo.
             A escolha de um livro é ou deveria ser, portanto, sempre atual. É que muitas vezes escolhemos um livro e, já nas primeiras páginas, o deixamos de lado. Isso nada mais é do que livro equivocado para o momento errado.
            Aconteceu comigo muitas vezes e como sou pessoa que gosta de terminar tudo o que começa, abandonar um livro sem terminá-lo era demasiadamente sofredor e um atestado de fracasso sem precedentes para uma virginiana como eu. 
           Depois de muita dor e na ânsia de me libertar da terrível sensação de fracasso que me absorvia a cada vez que, vencida, abandonava a leitura antes de chegar à página 50, resolvi dedicar tempo para resolver essa quisila e me sentir livre para continuar ou estancar a leitura.
             Encontrei uma razão que me sossegou. Descobri que a escolha errada talvez fosse a causa da dor do abandono do livro. E era.
          Descobri que comigo é assim: o livro necessariamente deve identificar-se com o momento que estou vivendo. Tarefa que cabe a mim  e não ao livro, evidentemente. Bem, mas isso não quer dizer que meu problema havia terminado e que a partir desta descoberta seria muito mais fácil escolher o próximo título. Não. A escolha continuou e continua sendo tarefa árdua, porém, se eu não tiver vontade de continuar a leitura, deixo-a  de lado, sem culpa. Não me sinto fracassada, nem triste. Sinto-me livre.
             Volto o livro à estante e falo:
             - Não é o momento. Esse há de chegar e eu volto aqui para buscá-lo.  
            Para encerrar esse pensamento, deixo aqui alguns livros que li e que fizeram parte dessa descoberta, de que somos livres para escolher o queremos ler e, também, livres para não terminar um livro. Não significa fracasso, significa que ... ah! Depois você termina. 

KUREISHI, Hanif - Tenho algo a te dizer

HOLANDA, Chico Buarque de - Gota d'água 

HOLANDA, Sérgio Buarque de - Raízes do Brasil

ESPANCA, Florbela - Sonetos

RIBEIRO, João Ubaldo - A casa do Budas ditosos

GUTIERREZ, Pedro Juan - O Rei de Havana

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Da janela da minha vida, 
vejo o mar e o horizonte, 
a imensidão do céu
que insiste em avisar: 
- O mundo é bem maior do que cabe em seu olhar.

Então, abro bem a janela e pulo para a vida, 
atravesso meus pensamentos
e vejo um mundo sem janelas e sem portas, 
sem chaves ou trancas. 

Sou livre, 
olho ao redor, 
sinto a energia da vida
que se propaga no ar. 

(Patricia Nubia Duarte)