quinta-feira, 20 de setembro de 2012

EU


AAAAAA Arnaldo....


Socorro!
Não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir...
Socorro!
Alguma alma mesmo que penada
Me empreste suas penas
Já não sinto amor, nem dor
Já não sinto nada...
Socorro!
Alguém me dê um coração
Que esse já não bate nem apanha
Por favor!
Uma emoção pequena, qualquer coisa!
Qualquer coisa que se sinta...
Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva
Qualquer coisa que se sinta
Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva...
Socorro!
Alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento
Acostamento, encruzilhada
Socorro! Eu já não sinto nada...
(Arnaldo Antunes)
E quando o diágolo insiste em ser presente...
O monólogo insiste em ser o chato...
O diáologo não quer silêncio... quer palavras... quer discussão... quer bate-rebate... quer assuntar... quer falar... quer existir...
O monólogo prefere a reclusão, o calar, o quieto, o íntimo, o não-ser-visto...
E é nessa peleia entre dizer e calar que me encontro...
Opto, pelo silêncio, afinal e ao final, quem nada diz, não provoca, não instiga...


Deixa tudo como está...