sábado, 16 de abril de 2011

O mês de abril

Era em abril, o mês do dia de anos de Pedrinho e por todos considerado o melhor mês do ano. Por quê? Porque não é frio nem quente e não é mês das águas nem de seca - tudo na conta certa! E por causa disso inventaram lá no Sítio do Pica-Pau Amarelo uma grande novidade: as férias-de-lagarto.

- Que história é essa?

Uma história muito interessante. Já que o mês de abril é o mais agradável de todos, escolheram-no para o grande "repouso anual" - o mês inteiro sem fazer nada, parados, cochilando como lagarto ao sol!
Sem fazer nada é um modo de dizer, pois que eles ficavam fazendo uma coisa agradabilíssima: vivendo! Só isso. Gozando o prazer de viver...

- Sim  dizia Dona Benta -  porque a maior parte da vida nós a passamos entretidos em tanta coisa, a fazer isto e aquilo, a pular daqui para ali, que não temos tempo de gozar o prazer de viver. Vamos vivendo sem prestar atenção na vida e, portanto, sem gozer o prazer de viver á moda dos lagartos. Já repararm como s lagartos ficam horas e oras imóves ao so, de olhos fechados, vivendo, gozando o prazer de viver - só, sem mistura?
E era muito engraçada a organização que davam ao mês de abril lá no sítio. Com antecedência resolviam todos os casos que tinham de ser resolvidos, acumulavam coisas de comer das que não precisam de fogão - queijo, fruta, biscoitos, etc... botavam um letreiro na porta do pasto:
A FAMÍLIA ESTÁ AUSENTE
SÓ VOLTA NO COMEÇO DE MAIO.
e depois de tudo muito bem arrumado e pensado, caíam no repouso.
Era proibido fazer qualquer coisa.
Era proibido até pensar.
Os cérebros tiham de ficar numa modorra gostosa. Todos vivendo - só isso!
Vivendo biologicamente, como dizia o Visconde."

(Monteiro Lobato.
Por alguma razão, o livro que um dia comprei como um presente...na verdade, foi um presente para mim. Tirado o pó e iniciada a leitura, me dou conta do quanto Monteiro Lobato era sábio, não só na combinação das palavras, como na exata maneira de retratar a vida. Simples, num português correto e direto...
E agora percebo, o quanto criança é minha alma adulta...ou o quanto quero que ela seja e o quanto agradeço por ter esse livro parado na minha mão, neste momento...
vou devorá-lo,
em abril...)

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